Sambaquis são elevações de formas e dimensões variadas constituídas principalmente por conchas, porém contando também com numerosos vestígios ósseos de animais terrestres e marinhos, além de artefatos líticos e ósseos, restos vegetais, manchas de fogueiras, marcas de estacas e, frequentemente, sepultamentos humanos. 

Essas elevações foram intencionalmente formadas por populações pré-coloniais que viviam principalmente da pesca e que se instalaram na faixa litorânea há cerca de 6.500 anos atrás, no entorno de antigas baías e lagunas. 

Devido à presença frequente de sepultamentos humanos, muitos sambaquis vêm sendo entendidos como sítios funerários, resultantes de uma dinâmica ritual que envolveria deposições contínuas e organizadas de conchas e outros vestígios sobre os indivíduos sepultados, numa verdadeira arquitetura funerária que pode ser observada em meio à complexidade de seus perfis estratigráficos.

Os sambaquis do litoral de Santa Catarina são conhecidos como os “maiores do mundo” chegando a atingir dimensões gigantescas, com mais de 30 m de altura, destacando-se consideravelmente na paisagem. Os sítios da Ilha de Santa Catarina, continente próximo e ilhas adjacentes, embora não sejam tão gigantescos quanto aqueles encontrados no litoral norte e sul do Estado, são igualmente importantes e numerosos, havendo mais de 100 sambaquis na região da Grande Florianópolis.

Na Ilha de Santa Catarina, muitos sítios estão situados em área urbana, estando muito mais presente no cotidiano da cidade do que se costuma imaginar. É o caso do sítio Ponta das Canas I, que apresenta um perfil exposto junto à praia de Ponta das Canas; do sítio Ponta das Almas e do sítio Canto dos Araçás, ambos com cerca de 4.200 anos AP e situados no Canto dos Araçás, na Lagoa da Conceição.

Quer saber mais sobre os sambaquis já registrados em Floripa? Na lista abaixo você pode conferir uma descrição de cada sítio. Informações sobre a localização, pesquisas, materiais encontrados, entre outras, podem ser verificadas no Mapa Interativo dos Sítios em Floripa.

Sítio conchífero com fragmentos de conchas em meio a sedimento escuro, sepultamentos, vestígios líticos, além de relato de presença de cerâmica Itararé-Taquara. A camada arqueológica é registrada a partir de 40cm de profundidade. Está localizado em frente ao terreno da loja de motocicletas Harley Davidson, responsável por impactar o sítio em 2012 com uma limpeza de restroescavadeira no local para construção de um estacionamento. Em 2015, a área do sítio foi perfurada, sendo injetado argila em profundidade, a pedido da construtura DJM, como parte dos estudos prévios para construção.

Sítio conchífero situado a 80 m do rio Alto Ribeirão, em local conhecido pelos moradores como Caminho da Volta. Foi registrado por Rohr (1984) como sendo pouco extenso e localizado em terrenos de Rita Florinda. Na época de seu registro, já se encontrava parcialmente destruído por obras das Centrais Elétricas e pela construção da estrada, tendo sido encontrados diversos sepultamentos pelos operários (Rohr 1984). Em nossa visita ao local em 2014 não observamos qualquer material arqueológico em superfície. Acreditamos que o que resta do sítio deve estar enterrado. Por meio de informação de moradores locais localizamos o terreno que era de propriedade de Rita Florinda, onde hoje funciona um centro espírita, e constatamos que o sítio deve ser mais extenso do que julgou Rohr, uma vez que moradores da casa de n. 4066, situada 120 m ao sul do centro espírita, relataram terem aparecido ossos humanos na ocasião da construção de sua casa e da casa vizinha. É possível também que o sítio continue do outro lado da estrada, tendo em vista que Rohr (1984) coloca sua construção como fator de destruição.​

Este sítio foi escavado por João Alfredo Rohr em duas etapas: uma em 1969, com a participação de Margarida Andreatta (Rohr e Andreatta 1969), e outra em 1974 (Rohr 1974). Com uma área total estimada em 2000m², o sítio teve 269m² escavados – 85m² na primeira etapa e 184m² na segunda, com 10m de distância entre as duas áreas – sendo atingidos 2m de profundidade. O material proveniente dessas intervenções hoje se encontra no Museu do Homem do Sambaqui “Pe. João Alfredo Rohr, S.J.”, no Colégio Catarinense (Florianópolis/SC), incluindo a coleção esquelética referente aos 86 sepultamentos escavados. Consiste em um sítio com pelo menos duas ocupações: uma pré-colonial, identificada por meio da presença de vestígios líticos, artefatos feitos em osso, restos faunísticos (vértebras de peixes e conchas) e sepultamentos humanos, datado entre 2900 ± 30 e 1430 ± 30 anos AP; e outra histórica que remete às ruínas de edificações cujas atividades estavam relacionadas a uma armação de caça a baleia, construída no século XVIII.

Sítio conchífero assentado sobre embasamento rochoso no local conhecido como Ponta do Vigia. É possível perceber pequenos perfis estratigráficos no fundo das casas, basicamente compostos por camadas de conchas. A equipe de Fossari (1987) encontrou fragmentos cerâmicos em superfície. Jockyman (2015) apresentou datas que sugerem pelos menos duas ocupações para esse sítio: uma entre 4700 e 4300 anos antes do presente e a mais recente em torno de 2600 anos Antes do Presente. O sítio tem sido destruído pela urbanização da área.

 

Trata-se de um sambaqui destruído pelo processo de urbanização da Barra da Lagoa. Rohr (1961) relata que provavelmente todo o povoado da Barra na margem esquerda do canal estaria assentado sobre um único e grande sambaqui. Fragmentos de ossos humanos afloravam à superfície quando visitado por Rohr. Uma ponta de osso de ave e duas lascas com sinal de polimento foram coletadas pela equipe de Fossari (1987),

Sítio conchífero situado junto à praia da porção sul da ponta de Caiacanga-Mirim, numa faixa de areia que se estende por aproximadamente 500 m. Foi escavado por Rohr (1959), ocasião na qual foram revelados sepultamentos, material lítico, ósseo e cerâmico, restos faunísticos e estruturas de combustão. Naquela época, o sítio havia sofrido grande impacto devido à exploração do areal sobre o qual ele está assentado e à construção de prédios, estradas e outras estruturas. Atualmente, o número de construções existentes sobre a área do sítio é maior que na época da pesquisa, havendo inclusive um conjunto de 15 casas de oficiais da Base sobre o local escavado por Rohr (1959), o que nos leva a pensar que ele se encontra ainda mais destruído. Nos fundos do conjunto de casas, contudo, é possível observar um solo mais escuro misturado a pequenos fragmentos de conchas, provavelmente vestígios remanescentes do sítio.

Consiste em um sítio conchífero localizado dentro do Parque Florestal do Rio Vermelho, nas proximidades do Campo de Escoteiros. Há conchas esparsas em superfície em uma área mais elevada, nas margens da estrada que segue até a sede dos escoteiros.

 

Este sítio foi registrado por Rohr em data desconhecida. Consta no CNSA, mas não é mencionado na literatura arqueológica. Apresenta conchas esparsas e carvão vegetal em meio às dunas. Após o registro de Rohr, o sítio não foi mais visitado. A localização exata é desconhecida, mas é possível que se localize na Ponta de Caiacanga-Açu, no Ribeirão da Ilha.

Sambaqui situado na encosta do morro da Caieira, no lado sul da praia de mesmo nome, porém a 100 m do mar. Foi registrado pela equipe de Fossari (1989) como já estando destruído devido à construção de uma edificação, restando apenas alguns blocos de concha no entorno dessa. Durante o projeto Florianópolis Arqueológica não foi possível encontrar o local do sítio. As conversas com os moradores locais foram igualmente infrutíferas, o que impossibilitou até mesmo estimar sua localização aproximada.

Sambaqui na margem esquerda do Rio da Lagoa, junto à foz. Nele foram encontrados vestígios cerâmicos e foi registrado pelo Professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Walter Piazza.

Segundo Duarte (1971), os sítios Campo da Barra I e II são pequeno e pouco espessos, aprensentam uma diversidade de espécies de conchas e estariam encobertos por vegetação gramínea e arbustiva.

Segundo Duarte (1971), os sítios Campo da Barra I e II são pequeno e pouco espessos, aprensentam uma diversidade de espécies de conchas e estariam encobertos por vegetação gramínea e arbustiva.

Sítio conchífero situado no limite entre a Estação Ecológica de Carijós e a propriedade da Habitasul Empreendimentos Imobiliários. Está sobre solo arenoso, coberto por vegetação de pequeno porte e rodeado no seu lado sul por terreno mais baixo e úmido. As conchas que dominam a composição do sítio são a Anomalocardia flexuosa(berbigão) eOstrea sp.(ostra). O sítio encontra-se alterado, segundo Fossari (1988a), pela construção da estrada do Pontal que dava acesso à praia da Daniela.

Sítio conchífero situado sobre sedimento arenoso, próximo à área mais baixa e úmida, em terreno da Estação Ecológica de Carijós. Segundo Fossari (1988a), o sítio encontra-se alterado pela abertura de um canal de drenagem, porém não localizamos o canal. Em 2014 observamos conchas de Anomalocardia flexuosa(berbigão) inteiras e fragmentadas em superfície, facilmente visíveis devido à clareira que o sítio forma em meio a vegetação densa. Em suas visitas ao local, Duarte (1971) e Fossari (1988a) encontraram fragmentos líticos e ossos de peixes.

Sítio conchífero localizado dentro do Parque Florestal do Rio Vermelho, destruído pela estrada que liga a Rodovia João Gualberto Soares ao trapiche de embarque para a Costa da Lagoa. Segundo Duarte (1971), foram encontrados ossos humanos e vestígios líticos, além de restos faunísticos.

Esse sítio foi citado por Rohr (1961) com a seguinte descrição: “(…) cuja superfície não atinge vinte metros quadrados, tendo a espessura de uns trinta centímetros de conchas. Também este casqueiro, já repetidas vezes trabalhado pelos colonos, apresenta as conchas superficialmente esfareladas”. Pesquisas posteriores não localizaram esse sítio.

Sítio conchífero situado sobre sedimento arenoso e limitado por terreno mais baixo e úmido. Bigarella (1949) relata para a localidade a existência de dois pequenos sambaquis, onde teriam sido encontrados ossos de animais e material lítico sem sinal de trabalho. Duarte (1971), Rohr (1984) e Fossari (1988b) identificaram somente um desses dois sítios, tendo esta última dele coletado seixos e lascas em granito e diabásio. Mais recentemente, Comerlato (2007) também visitou a localidade, porém não encontrou o sítio, concluindo que ele teria sido destruído. Localizamos o local em que Comerlato (2007) esteve e observamos que hoje o espaço do terreno está sendo utilizado para o cultivo de uma horta. Em 2014 não conseguimos acessar o terreno para verificar a presença de conchas e também não observamos conchas na área de entorno. Bigarella (1949) já dizia que o sítio havia sido parcialmente destruído para a fabricação de cal, o que nos leva a pensar que o sítio está de fato destruído superficialmente e sem vestígios visíveis, restando talvez vestígios enterrados, ou que ele se encontra em outro local próximo não vistoriado.​

Sítio conchífero raso, escavado por João Alfredo Rohr (1961), o qual identificou duas camadas de ocupação sítio: uma conchífera, mais antiga, e uma mais recente, arenosa, que apresenta vestígios cerâmicos Guarani. O sítio foi intensamente destruído ao longo do tempo, mas é possível que ainda existem vestígios enterrados.

Sítio conchífero em profundidade com pouca estratigrafia, assentado sobre pontal que avança na lagoa. Foi escavado por De Masi (2001), o qual obteve datas entre 1600 e 1200 anos Antes do Presente para ocupação do sítio.

Sítio conchífero situado sobre sedimento arenoso próximo a lagoa da conceição. Sob sua superfície há ruínas de uma antiga casa feita com tijolos maciços. O sítio está bem preservado e se encontra em pelo menos dois terrenos particulares e duas residências construidas sob o local. Hoje está cerca de 60 metros da margem da lagoa, mas sua formação dá indícios que fora construído a margem da lagoa em um momento em que o mar era mais alto que atualidade (JOCKYMAN, 2015). O sítio foi cortado pela servidão JoãoHenriqueGonçalves. Em 2014, como parte das atividades do projeto Florianópolis Arqueológica, os perfis a margem da servidão foram limpos (tirando lixo doméstico que fora acumulado no local) e fora aproveitado para registrar a estratigrafia do sítio.. Há uma datação para o sítio, de uma amostra coletada a 85cm de profundidade, de 2.890±30 antes do presente (JOCKYMAN, 2015).

Pequeno sambaqui situado à beira de área alagadiça, sobre sedimentos arenosos e encostado em parte sobre material cristalino que forma uma ponta. Foi registrado por Rohr (1960), o qual relatou que foram encontrados fragmentos de ossos humanos e machados, além de alguns quebra-coquinhos terem sido desenterrados por operários. Parcialmente destruído em 1958 pela abertura de um canal de esgoto. Foi visitado posteriormente por Duarte (1971). Não foi possível encontrá-lo durante o projeto Florianópolis Arqueológica.

Sítio conchífero situado em planície, junto a terreno mais baixo e úmido. Encontra-se cortado pela estrada, sendo que em sua porção sul há uma casa. O terreno ao norte da estrada está desocupado, sendo possível observar fragmentos muito pequenos e esparsos de conchas ao mexer na terra com a colher de pedreiro, poucos centímetros abaixo da superfície que está coberta por gramíneas. Rohr (1960) coloca que o sítio estaria quase totalmente destruído já naquela época, tendo sido desmontado para o calçamento da estrada que vai para o Aeroporto, mas é possível afirmar que ainda há sítio preservado em subsuperfície, por debaixo de um aterro de aproximadamente 0,50 m. De acordo com Rohr (1960) e Duarte (1971), no passado foram encontrados muitos esqueletos, e esta última encontrou um machado e um fragmento de outro. Foi alvo de intervenção arqueológica pela equipe de Farias (2018), realizada no âmbito do processo de licenciamento ambiental do Estacionamento Ressacada.

Sítio conchífero situado em planície sobre sedimento arenoso, próximo a terreno mais baixo e alagadiço. Registrado por Rohr (1960), que o situa no pasto da Fazenda Experimental do Estado, foi posteriormente visitado por Duarte (1971) e Fossari (1988b), esta ultima já o encontrando soterrado pelo aterro da pista mais recente do aeroporto Hercílio Luz, inaugurada em 1978. Antes de ser soterrado, o sítio já havia sido superficialmente revirado por enxada e trator para o plantio (Rohr 1960, Duarte 1971). Em sua visita ao local, Rohr (1960) encontrou quebra-coquinhos, machados, amoladores, entre outros materiais líticos, e Duarte (1971) encontrou fragmentos de rochas ígneas. Não foi possível caminhar sobre a pista do aeroporto para vistoriar a área do sítio durante o projeto Florianópolis Arqueológica.

Sítio conchífero situado sobre sedimento argiloso, rodeado por terreno mais baixo e alagadiço. Registrado por Rohr (1960) como localizado em terrenos de José Elias e sombreado por dezenas de goiabeiras, foi alvo de uma pequena escavação por este pesquisador, ocasião na qual foi revelado um sepultamento humano, restos faunísticos e material lítico. Já estava parcialmente destruído na época, tendo sido desmontado para a construção da estrada da Base Aérea. Posteriormente, o sítio foi visitado por Duarte (1971) e Fossari (1988b), esta última já o considerando destruído, embora tenha ainda observado conchas em sua superfície. Durante o projeto Florianópolis Arqueológica, não foi possível encontrar o local exato do sítio. Segundo moradores locais, as terras de José Elias iam do estádio da Ressacada até o banhado. Outra moradora local informou que na Rua Júlio da Silva Rodrigues havia goiabeiras no passado; essa área foi vistoriada durante o projeto, porém, não foram encontrados vestígios arqueológicos.

Sambaqui registrado por Duarte (1971). Segunda ela, situa-se a cerca de 300 m de distância do sítio Carianos II, ao longo de restinga, junto à área mais baixa e alagadiça. Na época de sua visita ao local, Duarte (1971) relatou haver uma casa e plantações sobre o sítio. Não foi possível encontrá-lo durante o projeto Florianópolis Arqueológica, porém é possível que, devido à proximidade dos vestígios, se trata apenas de uma continuação do sítio Carianos II.

Sítio conchífero situado em planície, sobre sedimento arenoso. Já se encontrava bastante destruído na época em que Duarte (1971) o registrou. Em visita posterior ao local, Fossari (1988b) observou que o sítio se encontrava debaixo do aterro sobre o qual estava assentado o loteamento Jardim Califórnia. Atualmente, a situação permanece a mesma, portanto não foi possível encontrar o local exato do sítio durante o projeto Florianópolis Arqueológica (para isso, seria necessário um levantamento arqueológico interventivo no local).

Sítio conchífero situado junto ao rio Alto Ribeirão, próximo de sua foz. Foi registrado por Rohr (1984) como localizado em terrenos de Candonga e, na época, já se encontrava parcialmente destruído pela construção de edificações, ocasião na qual apareceram diversos sepultamentos. Mais recentemente, o sítio foi alvo de uma pequena intervenção por Amaral e Scherer (2002), devido à abertura de uma fossa doméstica pelo atual proprietário, Sr. Wilson Lemos. Nessa ocasião foram coletados ossos humanos pertencentes a diversos indivíduos, um vasilhame cerâmico inteiro, material ósseo, material lítico e restos faunísticos.Em nossa visita ao local em 2014, não observamos material arqueológico em superfície, mas em conversa com o Sr. Wilson localizamos o ponto onde foi construída a fossa e, portanto, onde foi realizada a intervenção de Amaral e Scherer (2002). O Sr. Wilson também nos informou que hoje há cerca de 30 cm de aterro em seu terreno e que é possível que haja sítio também nos terrenos vizinhos, além de ter nos mostrado quais eram os antigos limites das terras de Candonga que, do trevo, estendiam-se por aproximadamente 140 m a leste.

É um sambaqui pouco espesso de acordo com Rohr, sendo que localiza-se nas proximidades da ponte que liga o centrinho da Lagoa com o Retiro. Foi intensamente destruído por caieiras e por conta da urbanização da área. Atualmente não é possivel visualizar vestígios em superfície, contudo há a possibilidade da existência de material em subsuperfície. Apenas antigos moradores locais possuem conhecimento sobre a localicação do sítio, inclusive informações sobre locais onde existem alguns vestígios.

Sambaqui registrado por Duarte (1971). Situa-se na Ilha das Laranjeiras, em frente à praia da Tapera. Na época de seu registro, Duarte relatou que o sítio estaria integralmente preservado. Esse sítio não foi visitado durante o projeto Florianópolis Arqueológica, portanto dispomos apenas de sua localização aproximada.

Sambaqui do período mais tardio de ocupação do litoral catarinense, formado principalmente por ossos de fauna (marinha e terrestre) e sedimento escuro rico em matéria orgânica. Foi alvo de levantamento interventivo para delimitação em 2019, tendo sido também coletados dois testemunhos pela equipe do LEIA e MArquE (UFSC). Apresenta artefatos líticos e ósseos, material faunístico composto por animais marinhos e terrestres, cerâmica Itararé e sepultamentos humanos. Foi registrado por Rohr (1969), o qual coletou um crânio na ocasião de sua visita ao local. Posteriormente, a equipe de Fossari (1988a) também visitou o sítio, e coletou mais um crânio que estava aflorado em superfície. Narram os pescadores que nos tempos da construção do galpão da marinha que há no local, foram destruídos mais de 20 esqueletos humanos.

Este sítio foi registrado por Fabiana Comerlato em 1998. Situa-se em terreno arenoso, no lado noroeste da ilha do Campeche, junto à praia. Nele foi encontrado material lítico lascado e polido. Esse sítio não foi visitado durante o projeto Florianópolis Arqueológica, portanto dispomos apenas de sua localização aproximada.

Sítio registrado por Bigarella (1966), situado na Ilha do Francês, em frente à praia de Canasvieiras. Não foi mais visitado desde então, tampouco durante o projeto Florianópolis Arqueológica. Apenas sua localização aproximada é conhecida.

Sítio registrado por Rohr em 1959 como “sítio raso de sepultamento”, situado na ponta das Flechas, na ilha Maria Francisca, na baía do Ribeirão da Ilha. Rohr (1984) relata a presença de conchas esparsas, carvão, sepultamentos humanos, lâminas de machado polidas em diabásio e material faunístico. Foi escavado por Alroino Eble, porém nada foi publicado a respeito da escavação. Fossari (1988a) refere-se a sítio como “sambaqui” e observa a presença de diversas construções sobre os sítios. De acordo com Rohr (1984), a construção de um engenho de farinha destruiu diversos sepultamentos no passado. Este sítio não foi visitado durante o projeto Florianópolis Arqueológica, portanto apenas a sua localização aproximada é conhecida.  

Consiste em um sambaqui localizado na Ilha das Conchas, na porção continental do município de Florianópolis. Contudo, não há registro desse sítio no IPHAN, as informações sobre a existência desse sítio foram publicadas em um periódico, sendo que teria sido registrado no decorrer das obras de construção da avenida beira-mar de São José.

O sítio situa-se junto ao morro do Santinho, no extremo leste da praia dos Ingleses. Foram coletados restos faunísticos, lascas de diabásio e vários fragmentos de cerâmica Taquara/Itararé. As evidencias arqueológicas mostram que outrora foi um local de acampamento de grupos Jê.

Sítio conchífero situado sobre sedimento arenoso, próximo à área mais baixa e úmida, em terreno de propriedade da Habitasul Empreendimentos Imobiliários. Observamos conchas inteiras e fragmentadas no local, principalmente Anomalocardia brasiliana e Ostrea sp, por vezes cobertas por uma espessa camada de turfa. A densa vegetação e a presença constante de espinhos dificultaram sua delimitação mais precisa, porém foi possível observar que o sítio que se encontra alterado, apresentando uma superfície bastante irregular, com diferentes montículos de material arqueológico, possivelmente descontextualizados. Esse estado alterado já havia sido constatado por Duarte (1981), que relatou ter notado marcas de abertura de valas estreitas no local.

Sítio conchífero situado sobre sedimento arenoso, próximo à área mais baixa e úmida, em terreno de propriedade da Habitasul Empreendimentos Imobiliários. O sítio se encontra muito alterado, devido à construção da estrada do Pontal que dava acesso à praia da Daniela e da abertura de duas valas de drenagem paralelas à estrada. Está sob o leito da estrada e em meio à vegetação densa presente em suas margens norte e sul, onde estão as valas que expõem perfis. Observamos conchas sobre a estrada e nos perfis expostos, principalmente Anomalocardia brasiliana e Ostrea sp. De acordo com Duarte (1971), foram encontrados machados líticos quando se deu a abertura das valas.

Sítio conchífero situado sobre o morro do Rapa, no costão leste da praia da Lagoinha de Ponta das Canas, que apresenta cerâmica Itararé. É possível observar conchas aflorando em superfície na trilha que passa pelo costão, evidências que continuam aparecendo no terreno da Pousada da Vigia, subindo morro acima até a estrada que passa pelo alto do morro.

O sítio situa-se na encosta de uma elevação arenosa onde foram coletados um artefato lítico em basalto com superfície alisada e blocos pequenos e plaquetas de diabásio.

Sítio conchífero situado em planície, junto às dunas da praia de Naufragados. Foi registrado pela equipe de Fossari (1989), que o descreveu como estando coberto por dunas e vegetação arbustiva, com material malacológico e material lítico polido e lascado aflorando. Na ocasião foram coletados percutores e peças polidas em diabásio, um fusiliforme e fragmentos de xisto. Durante as pesquisas da equipe do LEIA não foi possível entrever com clareza a localização do sítio e nem chegar a uma conclusão quanto à sua classificação como sítio conchífero, uma vez que encontramos dois fragmentos de cerâmica guarani nos barrancos das dunas. Assim, foram registrados somente quatro pontos de interesse com ocorrências isoladas que podem ou não ser arqueológicas, os quais serviram para a delimitação do sítio: 1. Barranco com algum material lítico que talvez tenha recebido polimento; 2. Pequena área com presença de fragmentos de conchas, junto às casas e construções de madeira situadas próximas do fim da trilha; 3. Barrancos em que encontramos dois fragmentos de cerâmica guarani, um dos quais coletamos; 4. Pequena área em que observamos material lítico lascado.

Este sambaqui situa-se em terreno arenoso, em parte sobre a planície inundável e em parte sobre área mais elevada junto a um morro de embasamento cristalino, a 500 m do rio Ratones. Foi registrado por Fossari (1989), a qual coletou material lítico de sua superfície e relata que parte do sítio se encontra sob o lençol freático. Na época de seu registro, eram mantidos viveiros de camarão no local; estes, juntamente com seus respectivos canais de interligação, destruíram parte do sítio (talvez 50%). Foi alvo de intervenções por De Masi (data desconhecida) no âmbito de processo de licenciamento ambiental vinculado ao empreendimento Jurerê Internacional da Habitasul Empreendimentos Imobiliários, ocasião na qual foi identificado material lítico (lascas de quartzo leitoso, pedras de fogueira), faunístico e carvões. O proprietário não autorizou a entrada da equipe do LEIA no terreno durante o projeto Florianópolis Arqueológica, portanto apenas sua localização aproximada (inferida a partir de mapas apresentados por De Masi) é conhecida.

O sítio conchífero Pântano do Sul I está localizado na encosta do morro. No local foram localizados fragmentos de conchas, vestígios líticos, ossos de animais, em especial peixes, além de remanescentes ósseos humanos. De acordo com as pesquisas realizadas, foram obtidas as seguintes datas: 4460±110 AP (I-9215), nível mais profundo; 3850±105 (I-9216), abaixo da camada de conchas; 3735±100 (I-9213), início da camada de conchas (Schmitz e Bitencourt, 1995, p. 80).

Trata-se de um sítio localizado em planície marinha arenosa, que se encontra densamente urbanizada, onde foram evidenciados materiais líticos lascados (em diabásio) em local cujo solo é úmido e escuro. Área localizada entre as ruas Joaquim Neves (orla da Praia do Pântano do Sul), Servidão Dário Ladislau Coelho e Rua Manoel Vidal. Corresponde ao Setor/Área I escavado por Rohr (1977).

Trata-se de um sítio conchífero onde foram evidenciados vestígios líticos lascados (em diabásio e quartzo), restos faunísticos (vértebras de peixes), fragmentos de remanescentes ósseos humanos (incluindo ossos longos) e fragmentos de cerâmica Itararé em área que apresenta sedimento arenoso de coloração escura. Localizado no sudoeste da Ilha das Campanhas.

Sítio conchífero assentado sobre embasamento rochoso, apresenta numeroso material malacológico em superfície e também líticos, com um diâmetro aproximado de 60m contando com o embasamento rochoso. Foi escavado na década de 1960 por pesquisadores da UFSC, os quais obtiveram datas para a ocupação desse sítio entre 4200 e 2500 anos Antes do Presente.

Sambaqui situado à beira-mar, na encosta do morro que forma a ponta norte da praia de Ponta das Canas. Apresenta perfis expostos pela ação da maré, nos quais é possível observar material arqueológico faunístico, lítico e cerâmico. As evidências arqueológicas continuam morro acima. Concreções do sítio aparecem ao longo da faixa de areia em frente ao perfil exposto, possivelmente oriundas de seu desbarrancamento. Em 2019, a equipe do LEIA (UFSC) realizou levantamento interventivo no local para delimitação do sítio.

Sítio conchífero assentado em parte sobre o cristalino e em parte sobre o sedimento que forma a ponta do Lessa, na baía norte. Apresenta perfis expostos pela ação da maré e pela escavação empreendida por Beck na década de 1960 (Beck et al 1969, Beck 2007), a qual revelou artefatos líticos e ósseos, material cerâmico, restos faunísticos e ossos humanos dispersos, sendo possível identificar somente um sepultamento. Nos perfis expostos, observamos que o sítio é formado por matriz de sedimento escuro misturada com conchas, principalmente Anomalocardia brasiliana. Observamos também fragmentos cerâmicos Itararé e lascas de granito e diabásio. Segundo Rohr (1984), este sítio já estaria parcialmente destruído para a fabricação de cal em 1969.

Sítio conchífero situado parte sobre o embasamento cristalino e parte sobre o sedimento que forma a ponta do Sambaqui, na baía norte. Em sua porção leste apresenta perfis expostos pela ação da maré, nos quais observamos material malacológico, ossos de peixe, fragmentos cerâmicos Itararé, fragmentos e lascas de quartzo, granito e diabásio. Foi possível constatar que, pelo menos em sua porção leste, o sítio está assentado diretamente sobre o granito que forma a ponta, sendo caracterizado, em sua base, por um pacote de 30 a 40 cm de conchas – principalmente Ostrea sp, Anomalocardia brasiliana e Lucina pectinata. Sobre a camada conchífera há um pacote de 50 a 60 cm de sedimento sem conchas. O chão em frente aos perfis está repleto de material arqueológico que desbarrancou com a erosão contínua do sítio, local onde encontramos uma lâmina de machado polida em diabásio que foi coletada e levada ao LEIA (UFSC). Em sua visita ao sítio, Fossari (1988b) coletou fragmentos cerâmicos e amostras conchíferas.

Sítio conchífero situado sobre pontal rochoso conhecido como “Bico da Ponte” ou “Ponta dos Limões”, na porção sul da praia do Curtume, localidade José Mendes. Apresenta perfis expostos pela ação da maré em seu lado sudeste, nos quais foi possível observar que o sítio é composto principalmente por Anomalocardia brasiliana, além de conchas esparsas de Ostrea sp. e outras. Em meio à vegetação densa que cobre o sítio existem pequenas trilhas que atravessam a ponta. Há também muito lixo sobre o sítio, principalmente na área de entorno, junto às pedras.

Sítio conchífero, parcialmente destruído pela ação de caieiras, mas ainda apresenta pequenas elevações em relação a superfície atual, possivelmente fora um montículo de grandes dimensões no passado. Está localizado em terreno particular ao lado do Rio Vermelho, na divisa com o Parque Florestal do Rio Vermelho. Fossari (1987) considera os sítios Porto do Rio Vermelho I e II, ambos registrados no CNSA, como um sítio apenas, porém separados por riacho muito estreito. Escavado por Marco Aurélio Nadal de Masi (2001) e datado entre 5000 e 4000 anos Antes do Presente para ocupação de grupos pescadores-caçadores-coletores, e em 900 anos Antes do Presente para ocupação Guarani.

Fossari (1987) considera os sítios Porto do Rio Vermelho I e II, ambos registrados no CNSA, como um sítio apenas, porém separados por riacho muito estreito. Escavado por Marco Aurélio Nadal de Masi (2001) e datado entre 1800 e 1000 antes do presente. Sousa (2011) estou a diversidade dos peixes encontrados no registro arqueológico desse sítio.

Sítio conchífero situado no morro da Feiticeira, no costão sul da praia Brava. Chegamos a ele por meio de informação oral do Sr. Silvânio Guilherme da Costa, morador da Vargem do Bom Jesus que encontrou o sítio na ocasião em que instalava um banco de madeira no local. Observamos conchas inteiras e fragmentadas em superfície, em meio a sedimento escuro que contrasta com o sedimento mais claro de entorno.

Está registrado no CNSA como “sambaqui”, porém Rohr, o autor do registro, refere-se a ele como “raso de sepultamentos” na bibliografia consultada, e Fossari encontrou nele fragmentos de cerâmica Itararé, referindo-se a ele como sítio pré-colonial Jê. Consta como “sambaqui” no CNSA quando, na verdade, trata-se de assentamento conchífero com cerâmica Itararé. Além dos fragmentos de cerâmica mencionados, foram coletados ossos de mamíferos pela equipe de Fossari.

Em 1974, Rodrigo Lavina teria encontrado vestígios desse sambaqui encoberto parcialmente pelas dunas. Na ocasião, apresentava uma camada arqueológica de meio metro de espessura, com lascas de diabásio, ossos de peixe e carvão. Sítio conchífero localizado na Praia da Joaquina, a sua localização exata é incerta devido às construções existentes no local, Edson Betanin o coloca sob o estacionamento da praia, porém frequentadores antigos do local relatam que o sítio ficava onde hoje existe um grande deck entre dois restaurantes na praia.

Trata-se de um sítio em área de dunas, onde foi evidenciado material lítico lascado e polido (em quartzo, diabásio, riolito e granito), remascentes ósseos humanos, restos faunísticos (concha, ossos de peixe e outros), carvão disperso em superfície e sedimento de coloração escura. Consiste na Área/Setor II pesquisado por Rohr (1977).

Escavado por João Alfredo Rohr (1960, 1962). Bigarella (1949) apresenta-o com 7 m de altura, quase soterrado pelas areias das dunas. Sítio conchífero localizado dentro do Parque Florestal do Rio Vermelho, foi bastante utilizado para exploração de cal. Recentemente estudado por Jockyman (2015), estudo que mostrou que o sítio possui atualmente cerca de 2m de espessura e começou a ser construído cerca de 3000 anos Antes do Presente.

Sambaqui registrado por Duarte (1971), situado à beira de um canal de drenagem (rio Piçarras ou Jundiaí), em terreno areno-argiloso cercado por área mais baixa e alagadiça. Há vegetação densa e árvores de grande porte no local, formando um capão em meio ao terreno úmido. Observamos conchas em superfície e em uma lateral exposta do sítio, principalmente Anomalocardia brasiliana, mas também Ostrea sp. e Lucina pectinata. Durante o projeto Florianópolis Arqueológica, o filho do antigo proprietário do terreno relatou que a área era utilizada para cultivo de arroz e que lá apareciam ossos humanos e material lítico. É possível que a abertura do canal tenha destruído a extremidade oeste do sítio, uma vez que observamos conchas esparsas e em pequenos montes no lado esquerdo do canal, parecendo resultantes de sua abertura/limpeza.

Sambaqui registrado por Duarte (1971), situado sobre uma planície, junto à área mais baixa e alagadiça, localidade de Ratones. O sítio foi muito prejudicado por atividades de agricultura e exploração de conchas para cal, proprietários antigos encontraram ossos humanos e machados de pedra (Duarte, 1971). A área do sítio é coberta por vegetação rasteira, são visíveis na superfície conchas inteiras e fragmentadas e fragmentos de diabásio.

Sambaqui registrado por Duarte (1971), situado junto à Estrada João Januário Silva, no lado direito, localidade de Ratones. São visíveis fragmentos de conchas na altura da servidão Manoel Berto Laureano e na frente dos lotes nºs 5796, 5826, 5846 e seguinte sem número. Aparentemente foi cortado pela estrada e, como outros sítios conchíferos próximos, explorado para cal (Duarte, 1971). Quando Duarte o visitou a área do sítio já estava ocupada por casas e com vestígios esparsos. O sítio está em via pública e área edificada, a céu aberto e o material arqueológico em superfície. Como fatores de destruição podem ser citados erosão eólica e pluvial, atividades agrícolas, construção de estradas e moradias.

Sambaqui situado sobre sedimento areno-argiloso, em planície e a 400 m do rio Ratones. Registrado por Rohr (1984), que o encontrou destruído em 40% para a fabricação de cal, este sítio só foi visto novamente por Fossari (1988b), ocasião na qual já estava destruído por obras de terraplanagem. Duarte (1971) não teve sua entrada no terreno autorizada pelos herdeiros do antigo proprietário, mas estes lhe contaram que haviam sido vendidas conchas para um fabricante de cal de Canasvieiras e, segundo informações orais, vinham sendo encontrados ossos humanos e machados de pedra no sítio. Não foi possível localizar o sítio durante o projeto Florianópolis Arqueológica, portanto sua localização exata é desconhecida.

Sambaqui situado sobre um cordão arenoso fino e comprido, junto à área mais baixa e alagadiça, a 400 m do rio Ratones. A primeira menção a esse sítio é feita por Duarte (1971) em nota de rodapé, pois ela ficou em dúvida quanto a considerar as conchas obsevadas como sítio arqueológico. Quando retornou para realizar a pesquisa de mestrado, contudo, a pesquisadora fez algumas intervenções no local e concluiu que se tratava sim de um sítio arqueológico (informação pessoal). Posteriormente, Fossari (1988b) também visitou o local, mas permaneceu em dúvida, dizendo que a questão seria esclarecida quando fosse realizada a etapa de survey do projeto. Durante o projeto Florianópolis Arqueológica, foram localizados três pontos principais com conchas: um mais a SW, onde há um pequeno pomar, com conchas em meio a um sedimento muito escuro; outro mais a NE, afastado 90 m do anterior, em local sombreado por árvores de grande porte, em que as conchas aparecem junto a um sedimento muito claro; e um terceiro na planície úmida que faz limite com o cordão arenoso, com conchas enterradas pelo menos 0,15 m abaixo da superfície, que o proprietário do terreno disse serem possivelmente decorrentes do aterro de um antigo caminho – “caminho dos negros” – que passava por ali. Ele ainda disse nunca ter encontrado nenhum material diferente, lítico ou ósseo, em todas as vezes que fez movimentação de terra na área, nem ter ouvido seu pai falar sobre isso.

Sítio conchífero, parcialmente destruído por caieiras e, na década de 70, por conta da pavimentação de estrada (SC-406). Segundo Rohr, foram encontrados ossos humanos quando da construção da rodovia. Contudo, ainda é possível visualizar vestígios em superfície na área, próximo a um campig e no fundo de casas.

Sambaqui registrado por Bigarella (1949), encontra-se sobre terreno arenoso, junto à praia de Canasvieiras, a 50 m do mar. Duarte (1971) o descreve como próximo ao km 29, também como junto à praia de Canasvieiras e um pouco a nordeste da foz do rio do Bráz. Foi construído um camping próximo. A maior parte do sambaqui foi destruída pelo avanço do mar e para fabricação de cal (Bigarella 1949, Duarte 1971). A equipe de Fossari (1989) relatou que o sítio estaria destruído pela construção de um camping. Não foi possível localizar o sítio durante o projeto Florianópolis Arqueológica.

Sítio conchífero com cerâmica Itararé situado sobre dunas, na praia de Jurerê, próximo ao hoje soterrado rio do Meio. Foi evidenciado por obras de terraplanagem que o destruíram em 75%, sendo seu material utilizado para aterrar o rio do Meio. As máquinas revelaram um pacote arqueológico composto de restos faunísticos (mamíferos, peixes e moluscos), fragmentos cerâmicos e líticos misturados com cinza e areia (Fossari 1987). Posteriormente, o sítio foi alvo de uma escavação de salvamento pela equipe do Museu Universitário, devido à construção de uma passarela do empreendimento imobiliário Jurerê Internacional (Fossari 2004). Em nossa visita ao local não foi possível observar qualquer vestígio arqueológico, uma vez que o sítio foi esgotado na escavação

Sítio conchífero situado junto à encosta do morro da Costeira, à beira de área mais baixa e alagadiça (hoje aterrada). Embora o local esteja bastante modificado, é possível observar conchas no terreno da casa de n. 105, onde a proprietária, Sra. Terezinha May, contou que sempre que é feito algum buraco aparece ainda mais concha. Quando registrado por Rohr (1960), o sítio já se encontrava em grande parte destruído, tendo seu material sido usado para a construção de estrada. Muitos crânios foram coletados por Berenhauser e levados ao Museu do Homem do Sambaqui, inclusive o Sr. Nelson Machado, neto do antigo proprietário, disse já ter ouvido histórias sobre isso. Em sua visita ao local, Fossari (1988b) coletou material malacológico, amostras de concreções e fragmentos de quartzo de sua superfície. A pesquisadora observou que havia um canal de drenagem cortando o sítio, porém hoje esse canal encontra-se fechado.

Sítio conchífero situado em terreno arenoso limitado por área mais baixa e úmida, localidade de Rio Tavares. Foi registrado por Rohr (1960) como localizado em terreno de Adauto Félix Maciel e, posteriormente, foi visitado por Duarte (1971), que o situa em terreno de João Costa Pereira. É possível, portanto, que os dois pesquisadores tenham registrado sítios diferentes. Conseguimos localizar somente a propriedade que pertencia a João Costa Pereira, que hoje pertence à CELESC. Em nossa visita ao local, observamos que grande parte do terreno encontra-se aterrado, contatando que ou sítio se encontra destruído pelo aterro, sem vestígios visíveis, ou chegamos somente a uma localização aproximada dele, uma vez que ele pode se encontrar mais a leste, em meio à vegetação densa que cobre a área ao lado do aterro. O sítio está em área urbanizada, a céu aberto, e o material arqueológico se encontra em profundidade. Como fator de destruição pode ser citado o aterro que possivelmente há sobre ele.

Sítio conchífero situado junto à encosta do morro do Lampião, à beira de área mais baixa e úmida. Observamos quatro pontos de ocorrência de material malacológico. O primeiro em servidão sem nome situada entre a loja de sofás Habitato e o posto Ipiranga; o segundo na área da madeireira Litoral Tropical, situada na SC-405, n. 2954; o terceiro junto ao leito da rodovia, em frente à madeireira; e o quarto nos terrenos situados ao sul do trevo, entre eles o da casa de n. 37, onde a proprietária Sra. Benta Jacques Caetano nos disse que ao cavar aparecem ainda mais conchas. É nesse último local que o sítio parece estar mais preservado, uma vez que nos demais pontos há aterro e outras alterações no terreno, sendo possível que as conchas observadas sejam provenientes de outra porção do sítio. Na loja Habitato não é possível observar material malacológico em superfície, porém o funcionário Sr. Glauber Subtil nos informou que quando a máquina passou para limpar o terreno dos fundos foram evidenciados 30 a 40 cm de conchas. Quando registrado por Rohr (1960), este sítio já se encontrava parcialmente destruído, tendo suas conchas sido utilizadas para a construção da estrada, ocasião na qual apareceram esqueletos humanos.

Sítio conchífero situado próximo a uma pequena elevação, à beira de área mais baixa e úmida. Registrado por Rohr (1960) como localizado em terreno de Hipólito Chagas, foi alvo de uma pequena escavação por este pesquisador, ocasião na qual foram revelados sepultamentos humanos, ossos de fauna, carvão e material lítico diverso. Segundo a descrição da estratigrafia feita por Rohr (1960), a primeira camada do sítio seria formada por húmus e areia que ali se depositou ao longo do tempo, contendo apenas material histórico. De fato, não observamos qualquer material arqueológico em superfície. Foi apenas por meio de informação oral concedida pela Sra. Maria Chagas (80), herdeira do antigo proprietário que se lembrava da escavação de Rohr, que conseguimos encontrar o local exato do sítio.

Sítio conchífero situado sobre sedimento areno-argiloso, na baía norte. Junto à praia apresenta um pequeno perfil exposto pela ação da maré, no qual foi possível observar que o sítio é formado por uma matriz de sedimento escuro misturada a conchas, principalmente Anomalocardia brasiliana e Ostrea sp. Observamos também fragmentos e lascas de quartzo, tanto em superfície quanto no perfil. Quando visitado pela equipe de Fossari (1988b), foram coletadas amostras conchíferas, artefatos líticos (“bigornas” e “quebra-coquinhos”) e fragmentos de quartzo, diabásio e granito. Naquela ocasião, o sítio já se encontrava bastante perturbado e cortado por um açude, devido ao pesque-pague que funcionava no local, de propriedade do Sr. Osmar Gomes dos Santos. Em nossa visita, pudemos constatar que o açude não existe mais e que o sítio pode ser dividido em duas áreas quanto ao seu estado de conservação: a porção nordeste, hoje pertencente à Hantei Engenharia, onde é possível que o sítio mantenha um pouco mais de sua integridade devido à ausência de construções; e a porção sudoeste, pertencente ao Hotel Maria do Mar, onde a integridade do sítio deve ser mínima devido a diversas construções e deslocamentos de terra.

Sítio conchífero localizado na margem leste da Lagoa da Conceição, próximo ao mirante da praia Mole.

Sítio conchífero com presença de cerâmica Itararé situado junto à extremidade sudeste da praia de Santo Antônio. Foi registrado por Fossari (1988b), que dele coletou fragmentos cerâmicos e material malacológico. Em nossa visita não conseguimos identificar o local exato do sítio e, muito menos, delimitá-lo, uma vez que atualmente a área está repleta de barracos de pescadores que praticam maricultura intensiva e descartam as conchas sobre o sítio.

Sítio conchífero que atualmente não apresenta elevação, maior parte dos vestígios está enterrada em uma área plana próxima a Lagoa da Conceição. Foi pesquisado por Duarte (1971), a qual realizou uma sondagem que alcançou 70cm de profundidade. Está situado em uma propriedade privada.

Este sítio é descrito por Farias (2014) como uma área de refugo (ou lixeira) histórica com dimensões 130m x 45m, caracterizando-se por uma lâmina de conchas moídas, em meio às quais encontram-se fragmentos vítreos, cerâmicos-históricos e faunísticos. Foi alvo de intervenção pela equipe de Farias (2014), no âmbito do processo de licenciamento ambiental relativo à ampliação do Aeroporto Hercílio Luz.

Sítio conchífero com cerâmica Itararé e Guarani situado na porção noroeste da praia da Tapera, sendo limitado pela foz do rio da Êra. Foi escavado por Rohr (1959), ocasião na qual foram revelados muitos sepultamentos, material lítico, ósseo e cerâmico, restos faunísticos e estruturas de combustão. Em sua visita ao local, Fossari (1988a) não conseguiu observar material arqueológico em superfície, uma vez que a área escavada por Rohr já estava parcialmente ocupada por casas residenciais ou coberta por vegetação, porém observou vestígios do sítio em um perfil que margeava o rio da Êra. Segundo essa pesquisadora, é possível que Rohr tenha esgotado o sítio em sua escavação. Em nossa visita ao local tivemos dificuldade em obter autorização para caminhar sobre a área do sítio que permanece desocupada, mas até onde nos foi possível adentrar o terreno, não observamos qualquer material arqueológico em superfície.

Sítio conchífero situado junto a um afloramento rochoso em meio à vegetação arbustiva e arbórea densa, à beira de área mais baixa e úmida. O local nos foi indicado pelo Sr. Rosalvo, antigo caseiro de Spiros de Mattos que, na época da visita de Duarte (1971) ao sítio, era proprietário do terreno. É possível observar conchas em superfície junto às rochas. Na área de entorno do afloramento rochoso, contudo, as conchas se encontram a, pelo menos, 10 cm de profundidade, sendo preciso mover a terra com a colher para encontrá-las.

Sambaqui situado a 50 m (sentido leste) e 100 m (sentido norte) do canal que retifica o rio Papaquara, próximo à área úmida mais baixa. Foi escavado pela equipe da empresa Sapienza, como requisito para o licenciamento ambiental do Loteamento Damha. Está assentado sobre sedimento arenoso, com uma camada arqueológica que vai de 0,10 a 1 m de espessura, podendo ser caracterizada como um pacote de sedimento arenoso escuro misturado com conchas inteiras e fragmentadas, principalmente Anomalocardia brasiliana e Ostrea sp. Segundo Rohr (1984), este sítio parecia estar parcialmente destruído já em 1967, quando o visitou. A equipe de Fossari (1989) coletou material lítico não trabalhado e um machado de sua superfície. Após o estudo do sítio, a equipe da Sapienza concluiu que se trata de um sítio monocomponencial associado a atividades específicas, parte de um sistema de assentamento complexo que já estaria bem estabelecido no Holoceno Médio, uma vez que foi obtida uma datação de 5.010 anos AP (Farias 2014).

Sambaqui composto principalmente por Anomalocardia brasiliana e Ostrea sp. Situado próximo ao canal retificado do Rio Papaquara, nos fundos do terreno e cortado por uma vala de drenagem, sobre material areno-argiloso e coberto por vegetação rasteira e também de grande porte que se destaca na paisagem. O material arqueológico está aflorando nos perfis abertos pela vala e em “caminhos de boi” junto ao canal. Segundo Rohr (1967) o sítio foi destruído em 90% e ocupava uma área de 300m² com 30 cm de espessura.

Sambaqui situado sobre sedimento arenoso, próximo à área úmida mais baixa e em meio à vegetação arbustiva densa, formando uma pequena elevação. É possível observar conchas inteiras e fragmentadas em superfície, principalmente Anomalocardia brasiliana e Ostrea sp, misturadas a um sedimento escuro que contrasta com o sedimento mais claro do entorno. Há também pequenos perfis expostos por bioturbação e/ou queda de árvores, que permitem observar uma maior quantidade e variedade de conchas, como Lucina pectinata, e ossos de fauna. Fossari (1989) relata que o antigo proprietário teria retirado do sítio conchas, ossos humanos e de outros animais. Em 2019, a equipe do LEIA e MArquE (UFSC) realizou levantamento interventivo no local para delimitação do sítio, tendo também coletado um testemunho.

Sambaqui situado sobre terreno arenoso que lembra um esporão, junto a uma planície sedimentar alagadiça. Foi registrado por Duarte (1971), que observou a presença de Anomalocardia brasiliana, Ostrea sp e gastrópodes, porém, posteriormente, foi destruído e coberto pelo asfalto de uma pista de kart (Fossari 1989). O local foi visitado durante o projeto Florianópolis Arqueológica, porém não foi possível encontrar vestígio arqueológico, sua locaiização exata permanecendo desconhecida.

Sambaqui registrado por Duarte (1971), situado sobre terreno arenoso, junto à uma planície sedimentar alagadiça. A equipe de Fossari (1988b) coletou quebra-coquinhos, lâminas de machado lascadas, raspadores, bigornas, lascas de diabásio e ossos de mamíferos de sua superfície. Esta última relatou que o sítio estaria cortado por um canal de drenagem de 5 m de extensão, com 40% de sua área destruída. Não foi possível visitar o sítio durante o projeto Florianópolis Arqueológico, portanto sua localização exata é desconhecida.

Sambaqui registrado por Duarte (1971), encontra-se sobre terreno arenoso, junto à uma planície sedimentar alagadiça. Seu material foi utilizado para fabricação de cal (Duarte 1971), além de, conforme relatado por Fossari (1988b), ter sido danificado pela lavoura (1988). Não foi possível visitar o sítio durante o projeto Florianópolis Arqueológico, portanto sua localização exata é desconhecida.

Sambaqui situado sobre sedimento arenoso na encosta de uma pequena elevação, próximo à área úmida mais baixa e em meio à vegetação arbustiva densa. Foi identificado pelo Sr. Silvanio Guilherme da Costa, morador da Vargem do Bom Jesus que desde criança percebia a presença de conchas no local, e registrado pela equipe do LEIA (UFSC). É possível observar conchas esparsas e muito fragmentadas em superfície, principalmente Anomalocardia brasiliana e Ostrea sp, misturadas a um sedimento escuro que contrasta com o sedimento mais claro do entorno. O Sr. Silvanio relatou ter encontrado uma rocha polida diferente em suas andanças por ali quando criança, rocha esta que, conforme a descrição, deveria se tratar de um zoólito, possivelmente em forma de ave.

Sambaqui situado sobre sedimento arenoso na encosta de uma pequena elevação e limitado por área úmida mais baixa, em meio à vegetação arbustiva densa. Foi identificado pelo Sr. Silvanio Guilherme da Costa, morador da Vargem do Bom Jesus, e registrado pela equipe do LEIA (UFSC). É possível observar conchas inteiras e fragmentadas em superfície, principalmente Anomalocardia brasiliana e Ostrea sp, misturadas a um sedimento escuro que contrasta com o sedimento mais claro do entorno.

Sítio conchífero situado sobre sedimento argiloso e limitado por área mais baixa e úmida, onde passa o córrego Vargem Pequena. Observamos conchas inteiras e fragmentadas em superfície, principalmente Lucina pectinata, Megalobulimus sp, Ostrea sp e Anomalocardia brasiliana. O sítio parece ter sido parcialmente destruído pela construção da estrada que passa ao lado, sendo possível que continue em sua outra margem, embora moradores locais não tenham relatado a presença de conchas lá. Não foi possível descer na parte baixa do terreno devido à presença de uma cerca elétrica e dificuldade de acesso pelo portão. Na ocasião de sua visita ao sítio, Fossari (1988a) coletou uma lâmina de machado em diabásio, seixos de diabásio, um fragmento de mandíbula humana, ossos de peixe e material malacológico.

Sambaqui registrado por Duarte (1971), encontra-se sobre terreno arenoso junto a área alagadiça mais baixa. Na ocasião de sua visita ao local, Duarte (1971) relatou que o sítio estava junto à estrada principal em direção a Florianópolis, afastado cerca de 20 m desta, no lado direito. A autora descreve o sítio como bastante raso, com uma parte coberta por plantação de feijão e outra por vegetação de vassouras. Este sambaqui também foi visitado por Fossari (1989), que o descreveu como praticamente destruído devido à ampliação de uma estrada e construções residenciais. Nele foram encontrados fragmentos de diabásio e granito, bem como um machado de diabásio. O sítio não foi visitado durante o projeto Florianópolis Aqueológica, portanto, apenas sua localização aproximada é conhecida.