Os sítios de inscrições rupestres são uma particularidade do litoral central de Santa Catarina no contexto litorâneo nacional, ocorrendo somente na Ilha de Santa Catarina, ilhas adjacentes e no continente próximo. Esse tipo de sítio costuma ser encontrado em costões rochosos voltados para o oceano, principalmente em ilhas. Foram confeccionados pelas populações pré-coloniais por meio de diferentes técnicas, sendo a principal delas o polimento. Em geral, apresentam temática geométrica, ocorrendo também algumas figuras antropomorfas, porém menos frequentemente.

As gravuras podem aparecer isoladas ou em conjuntos, formando painéis com diferentes composições. Como, no entanto, já se passou muito tempo desde a época em que as inscrições rupestres foram feitas, não há como saber ao certo o que significavam. O que se sabe é que existe um padrão entre todos os sítios do litoral central catarinense, sendo possível imaginar que operavam como um código simbólico comum intimamente relacionado ao ambiente marítimo, integrando diferentes populações e espaços ao longo da costa.

Assim como as oficinas líticas, porém, as limitações existentes nos métodos de datação hoje conhecidos fazem com que as inscrições rupestres permaneçam de autoria desconhecida. Tendo em vista sua proximidade espacial com os sambaquis e oficinas líticas, é possível que tenham sido produzidas pelas mesmas populações que deram origem a esses sítios.

Costão

Embora geralmente se situem em locais de difícil acesso, algumas inscrições rupestres podem ser facilmente acessadas, como o sítio Santinho I, que se caracteriza por várias gravuras dispersas no costão norte da praia do Santinho; o sítio Morro das Aranhas II, no costão sul da praia do Santinho, que se encontra musealizado; e os sítios da Ilha do Campeche, que guarda a maior concentração de gravuras do litoral catarinense.

Quer saber mais sobre os sítios de Inscrições Rupestres já registrados em Floripa? Na lista abaixo você pode conferir uma descrição de cada sítio. Informações sobre a localização, pesquisas, materiais encontrados, entre outras, podem ser verificadas no Mapa Interativo dos Sítios em Floripa.

Devido a questões logísticas esse sítio não foi revisitado pela equipe do projeto Florianópolis Arqueológica. Segundo o Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos o sítio é composto por representações rupestres (petroglífos) em uma parede de diabásio.

Devido a questões logísticas esse sítio não foi revisitado pela equipe do projeto Florianópolis Arqueológica. Segundo o Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos o sítio é composto por representações rupestres (petroglífos) em uma parede de diabásio.

Comerlato (2005) apresenta a seguinte caracterização do sítio “em dique com orientação E130ºS, gravura em parede, gravuras de tipo C (linhas  retas: reta, retas paralelas, reta com apêndice, retas paralelas sobre perpendicular, linha reta vertical com linhas obliquas em ângulo obtuso, linhas retas paralelas em  ângulo obtuso, linhas poligonais paralelas, linhas entrecruzadas convergentes, linhas  em ângulo reto convergentes, linhas entrecruzadas)”.

Sítio localizado na Ilha do Campeche, registrado pro Comerlato (2005), a qual descreve da seguinte forma “Este sítio apresenta cinco unidades gráficas em bloco e em paredões rochosos.”

Sítio localizado na Ilha do Campeche. Registrado pro Comerlato (2005), a qual descreve da seguinte forma “sítio com apenas uma gravura em dique de diabásio no norte da ilha. Neste local, o costão rochoso pode ser caracterizado como uma falésia composta com dique de diabásio na direção N 30ºE. A gravura acha-se em superfície horizontal já bastante intemperizada”.

Sítio registrado pro Comerlato (2005), a qual descreve da seguinte forma “O sítio está situado em uma falésia composta, apresenta uma gravura isolada e um painel de 4,20m de comprimento por 1,70m de altura. Neste painel existem dois conjuntos principais de gravuras nas suas extremidades laterais.”

Localizado no extremo norte da Ilha do Arvoredo, esse sítio é conhecido como a Pedra do Letreiro devido a abundante presença de inscrições rupestres com diferentes padrões (“círculos concêntricos, círculos simples e pontos alinhados paralelamente;  estilizações humanas e animais” – CNSA). Foi registrado por Rohr (1969) e visitado por Salvador et al (2017) com colaboração da equipe do ICMBio/Carijós.

Rohr (1959) menciona a existência de numerosas gravações rupestres nas Ilhas Moleques do Sul. Nenhuma informação adicional foi encontrada em bibliografia, não há registro no CNSA.

Sítio de inscrição rupestre composto por duas figuras do tipo “ampulheta dupla”, polidas na parede de um dique de diabásio no costão noroeste da praia dos Ingleses. Embora o suporte apresente algumas fraturas, uma das gravuras se encontra bem preservada enquanto a outra é mais difícil de visualizar e foi afetada pelo desprendimento de placas do diabásio.

Consiste nas inscrições rupestres mais conhecidas da Ilha. Conforme Comerlato (2005), “Neste sítio temos um número expressivo de gravuras (38) e o painel mais imponente da Ilha do Campeche”.

Trata-se de um sítio composto por representações rupestres de padrão esquemático (circulares e linhas poligonais paralelas), gravadas em um bloco de diabásio, através das técnicas de picoteamento e polimento, que se encontra voltado para o costão, em um dique de diabásio localizado entre a Praia do Matadeiro e a Praia da Lagoinha do Leste.

Sítio de representação rupestre composto por, no mínimo, 8 gravuras polidasna parede de um dique de diabásio e 1 polida num bloco ao lado, no costão sul da praia do Santinho. As temáticas são de linhas onduladas, linhas retas paralelas em ângulo agudo e obtuso (“máscara”), linhas poligonais paralelas, circunferências concêntricas com linha externa, “ampulheta”, losangos sobre eixo, triângulos seriados e figuras antropomorfas. Devido à luminosidade, ao avançado desgaste da rocha – que vem sofrendo com o desprendimento de placas – e às tentativas de vandalismo (graffitti), não foi possível visualizar as gravuras referentes às duas últimas temáticas mencionadas em campo. Sabemos de sua existência somente porque constam em Comerlato (2005). Além disso, o coordenador do setor de ecologia do Resort Costão do Santinho, Ciro Carlos Melo Couto, nos informou que em diferentes épocas do ano e horários do dia outras gravuras aparecem, havendo na verdade um número ainda maior de inscrições que o indicado por Comerlato (2005).

Sítio de representação rupestre composto por pelo menos 1 gravura polida na parede de um dique de diabásio, no costão sul da praia do Santinho. Fomos levadas até ele por Ciro Carlos Melo Couto, coordenador do setor de ecologia do Resort Costão do Santinho. A temática observada foi de “ampulheta dupla” e a gravura parece apresentar bom estado de conservação. Há, no entanto, vegetação crescendo no espaço logo acima dela, o que interfere na visualização e pode estar escondendo um número maior de gravuras que o observado.

Trata-se de um sítio de representações rupestres, localizado em um dique de diabásio no canto sul da Praia Mole, que apresenta inscrições de padrão geométrico (triângulos, quadriláteros, linhas retas e linhas poligonais paralelas) gravadas através de picoteamento e polimento.O sítio está em Área de Preservação Permanente.

Sítio de representação rupestre localizado em paredão rochoso na porção leste da Praia do Pântano do Sul. No local há dois conjuntos de gravuras geométricas, produzidas a partir do picoteamento. Atualmente apresenta danificações em decorrência das pichações e fraturamento do paredão.

Sítio registrado por Comerlato (2005), a qual descreve da seguinte forma “Este sítio apresenta um dique de diabásio, com direção N30ºE, com 25 gravuras e uma oficina lítica com 17 afiadores. Esta falésia composta apresenta uma fenda e vários patamares com a presença de áreas escarpadas de baixa altitude, que serviram para a execução de painéis.”

Sítio registrado por Comerlato (2005), a qual descreve da seguinte forma “Este sítio apresenta 29 gravuras, isoladas ou formando conjuntos gráficos, em dois diques de diabásio, nas direções E115ºS e N 30ºE.

Trata-se de uma gravura, de padrão geométrico, manufaturada através do polimento, elaborada sobre um dique de diabásio localizado nas proximidades das Piscinas da Barra da Lagoa.

Sítio de inscrições rupestres, de padrão geométrico, produzidas em matacões de diabásio. 

Consiste em um sítio de inscrições rupestres, de padrão geométrico, gravadas em bloco de diabásio. Há relatos que o sítio tem sido destruído por amadores que periodicamente visitam o sítio e utilizam de giz para realçar as inscrições.

Sítio de inscrição rupestre composto por figuras do tipo “circunferências com quatro raios” e “linhas poligonais paralelas (zigue-zague)”, polidas na parede de um dique de diabásio no costão entre a praia de Ponta das Canas e a praia da Lagoinha, porém mais próximo desta última. A área onde se encontra a gravura apresenta alteração cromática e desprendimento de placa que destruiu parcialmente o sítio, ambas as alterações de origem antrópica, decorrentes da ação do fogo. Comerlato (2005) comenta a presença de outra gravura nesse sítio, distando 6 m da primeira, porém não foi possível localizá-la em campo. Em análise posterior das fotografias e do trabalho de Comerlato (2005), concluímos que essa gravura pode estar escondida sob a vegetação que avança sobre o dique, uma vez que se encontra em posição mais alta que a outra

Sítio de inscrição rupestre composto por linhas onduladas paralelas opostas, polidas num bloco de diabásio no costão entre a praia de Ponta das Canas e a praia da Lagoinha. Fomos levadas até ele pelo Sr. Rodrigo Dalmolin, que certa vez o identificou em passagem pelo local. O suporte se encontra bastante intemperizado, a tal ponto que torna difícil a identificação da rocha. A gravura, contudo, está bem visível, embora haja uma colônia de liquens avançando sobre ela. Este sítio apresenta implantação incomum para os sítios de representação rupestre da Ilha, uma vez que não está voltado para o mar, o que nos leva a considerar a possibilidade de que o suporte tenha se fragmentado de um bloco maior ou tenha tido sua posição alterada ao longo do tempo.

Trata-se de um sítio de representações rupestres composto por três gravuras de padrão geométrico (linhas poligonais paralelas e quadriláteros), produzidas através de picoteamento e de polimento, em matacões e na parede de um dique de diabásio, na porção sudeste da Ponta do Caçador. Está na área do Parque Municipal da Galheta.

Sítio de inscrição rupestre composto por figuras do tipo “ampulheta”, circunferências com quatro raios e linhas poligonais paralelas (zigue-zague) polidas e picoteadas na parede de um dique de diabásio no costão leste da praia dos Ingleses. Esse sítio foi identificado por Rodrigo Dalmolin, que certa vez o identificou em passagem pelo local. As gravuras estão sendo afetadas pelo desprendimento natural de placas do diabásio, pela deposição de sais e por vandalismo definido por Comerlato (2005) como “graffitti”.

Sítio de representação rupestre que se estende por mais de 100 m ao longo do costão norte da praia do Santinho. Formado por um conjunto de 6 gravuras isoladas e outras 5 gravuras agrupadas, em blocos de diabásio isolados e paredes de um dique. Tanto polidas quanto picoteadas, a temática é de circunferências concêntricas, circunferências com quatro raios, linhas onduladas, ampulhetas, quadriláteros quadriculados e representações humanas. Uma das gravuras, polida num bloco em praia de seixos, só se torna visível a partir das 15h. A última gravura do sítio, em bloco de diabásio, encontra-se partida ao meio devido à quebra de seu suporte e por isso não deve estar em sua posição original.O agrupamento de 5 gravuras encontra-se vandalizado, tendo algumas figuras sido “reavivadas” com spray preto. Nesse mesmo agrupamento, uma das figuras antropomorfas não se faz mais visível, provavelmente devido ao escorrimento de água sobre ela.

Sítio de representação rupestre composto por três concentrações de gravuras em paredes e grandes matacões de um mesmo e extenso dique de diabásio, no costão norte da praia do Santinho. As concentrações possuem em torno de 15 m de distância entre si e, juntas, totalizam pelo menos 8 gravuras polidas e picoteadas de tipos diversos: linhas onduladas, linhas poligonais paralelas (zigue-zague), losangos entrecruzados, linhas retas com reflexão de espelho e triângulos seriados. Em geral, o sítio se encontra bastante intemperizado, sendo às vezes difícil visualizar algumas das gravuras. Além disso, uma das gravuras na terceira concentração encontra-se vandalizada por escoriação.

Sítio de representação rupestre composto por um conjunto de, no mínimo, 10 gravuras polidas e picoteadas em paredes situadas em um extenso dique de diabásio, no costão norte da praia do Santinho. A temática predominante é de pontos seriados, mas observamos também pontos que formam triângulos e linhas curvas, “ampulhetas”, linhas retas sobre perpendicular e uma forma não identificada. Em geral, o sítio se encontra bastante intemperizado, sendo apenas os pontos seriados e as linhas retas sobre perpendicular facilmente visíveis.

Sítio de representação rupestre composto por um conjunto de gravuras polidas e picoteadas em blocos, paredes e planos horizontais de um extenso dique de diabásio, no costão norte da praia do Santinho. As gravuras se distribuem acompanhando duas paredes que juntas formam um “L” e chegam a 50m de extensão, contornando a área de um grande plano inclinado de fácil circulação. As temáticas observadas foram de triângulos seriados, quadriláteros seriados, linhas onduladas, linhas curvas, linhas poligonais paralelas, linhas retas com reflexão de espelho, linhas entrecruzadas fechadas, “ampulhetas”, circunferências simples, circunferências concêntricas, representações humanas e figuras complexas. Sendo o sítio bastante extenso, o estado de conservação é variado, estando algumas gravuras mais conservadas e outras mais intemperizadas.

Sítio registrado por Comerlato (2005), a qual descreve da seguinte forma “Este sítio está situado em uma falésia escarpada que apresenta dique de diabásio na direção E115ºS, com um dispositivo parietal bastante significativo, formado por um painel com 16 gravuras e uma gravura periférica. As três outras gravuras estão dispostas em paredes dos níveis escalonados do diaclasamento.”