A Arqueologia da Diáspora Africana estuda os sítios históricos relacionados com o período da escravidão nas Américas. Esses sítios compreendem locais que fizeram parte do cotidiano de africanos e afrodescendentes escravizados e são importantes fontes de informações sobre a história da escravidão. Portos, locais onde eram realizadas a compra e venda de cativos, armações baleeiras, antigas fazendas, suas senzalas, engenhos e plantações, quilombos e cemitérios são alguns exemplos de sítios da Diáspora Africana.

A escravidão foi praticada na Ilha de Santa Catarina desde o início da ocupação do território pelos vicentistas, em meados do século XVII. Com a intenção de fundar núcleos de povoamento no litoral catarinense, eles chegaram trazendo indígenas e africanos escravizados. Cerca de um século mais tarde, um projeto de ocupação definitiva do território resultou na construção de fortes e na fundação das primeiras freguesias, com isso, famílias açorianas foram instaladas na Ilha e no continente próximo e deram início a uma economia que visava abastecer o mercado incipiente da Ilha.

Apesar do caráter familiar e de subsistência que predominou no início, a produção agrícola na Ilha logo passou a fazer parte de um crescente mercado interno de abastecimento, que fornecia gêneros diversos para as regiões exportadoras. O principal produto era a farinha de mandioca, que abarcava em sua produção um contigente considerável de mão de obra escrava. O uso desse tipo de mão de obra se tornou constante e regular, abrangendo outras atividades econômicas, para além das propriedades rurais.

Pesquisas realizadas principalmente na área de História têm ampliado o conhecimento acerca das populações escravizadas na Ilha de Santa Catarina, e apresentado locais que atestam a presença dessas populações através da sua história documentada. O estudo destes locais, que compreendem unidades produtivas, domésticas e religiosas, têm muito a oferecer quanto a informações sobre a diversidade da vida material, arranjos econômicos e sociais, e as práticas culturais mantidas pelos escravizados. Toda a região apresenta um grande potencial para a pesquisa e a Arqueologia pode contribuir com o uso de novas fontes e abordagens sobre o tema. no entanto, trabalhos arqueológicos em sítios ligados ao período da escravidão ainda não foram executados no município.